Espero te encontrar bem. Nessa semana, tive oportunidade de conversar com muitas pessoas sobre um fenômeno que presenciei, quando falei no meu instagram sobre higiene do sono.
Nós vivemos imprensadas, comprimidas mesmo, entre muitos ideais de produtividade, que transformam até mesmo a nossa saúde em uma meta, um projeto. O ranço de coach se infiltra (e tamojunto).
E ao invés de considerar uma rotina de sono, alimentação e atividade física como um cuidado consigo mesma(o), todos esses bons hábitos soam mais como mais uma meta inalcançável.
Mas fica uma pergunta depois de várias outras: dá mesmo pra abrir mão de dormir? Faz sentido não priorizar o sono, uma vez que ele é tão fundamental para o nosso corpo quanto água, oxigênio e comida?
Não, nós não temos as mesmas 24h do dia. Quem tem filhos, quem empreende, quem se desloca diariamente entre casa e trabalho, quem cuida de pais idosos, já sai perdendo.
Parece que cuidar do corpo e da mente é um conjunto de serviços e produtos caros, acessíveis a quem pode comprar o tempo de outras pessoas, e assim, diminuir a sua própria carga.
E é verdade, em uma grande medida.
Até aqui, acho que estou chovendo no molhado. As pessoas com quem converso, e que me acompanham, já fizeram essas reflexões antes.
Mas tenho presenciado um outro fenômeno, como se fosse a outra face da moeda, que é o meme feito de que você só quer dormir, pix, café, que ninguém te tire do sério…
Nesse meme é ruim demais de viver também. Por que ele vira uma reconfortante generalização de que não há nada que esteja sob a nossa responsabilidade.
O sistema é esse, a realidade é essa, exausta é meu estado perene, me dá um café.
É como se a reflexão sobre a dureza das condições de vida resultasse na conclusão de que não há nada que possa ser feito imediatamente ou individualmente, afinal a solução precisa ser completa, complexa, coletiva.
Quem mais perde quando uma pessoa deixa de busca a própria melhora, ainda que pontual e limitada pelas circunstâncias? Na minha opinião, a própria pessoa.
Nós não temos as mesmas 24h do dia, certo. Mas então quanto tempo resta, e o que dá pra fazer com ele?
Qual o melhor sono que você pode ter, nas condições atuais?
Qual a atividade física que dá pra encaixar, no tempo que você possui?
Expanda para os setores da vida que você precisa melhorar. Você sabe quais são eles. Eu, não. Eu sei dos meus.
E quando você for pensar no melhor possível, tente lembrar bem da palavra possível. Não idealize a sua vida, nem a sua capacidade de se comprometer de uma vez só com novos hábitos.
Na semana que vem, eu prometo uma newsletter prática sobre higiene do sono, e a visão de ayurveda sobre o tema.