O que ando estudando, além de Nutrição
Formações, pós graduação, congressos, e por aí vai
Estou chegando ao sétimo período da minha graduação em Nutrição daqui a algumas semanas, e com o final muito mais perto do que jamais esteve, comecei a acrescentar alguns outros estudos por fora.
Mais do que nunca, o que eu dissera em fevereiro de 2023, quando minha prima me convenceu em 5min que eu deveria voltar pra faculdade, se confirmou: o tempo passou de qualquer jeito. E enquanto passava, eu estudava.
Nos primeiros 4 semestres, recebemos aquela carga de conteúdos mais básica a todo profissional de saúde: Anatomia, Bromatologia, Fisiologia, Bioquímica, e por aí vai. No começo doeu, depois a cabeça vai assimilando.
Quando comecei a quinta fase, me considerei oficialmente passada da metade do curso, e comecei a frequentar mais amiúde alguns eventos e congressos. Então depois de analisar as opções do mercado, em agosto de 2024, iniciei minha pós graduação.
Escolhi uma pós em Saúde Mental e Comportamento Alimentar, da VP, que é uma instituição muito grande pra quem é da área. Eu já havia ido a dois congressos deles, então, e gostava dos professores.
Quando iniciei meu curso, eu imaginava poder aliar uma intervenção dietética ao tratamento que as pessoas estivessem fazendo, para depressão, ansiedade, o que fosse. Além disso, eu coordenei durante muitos anos uma Equipe Multiprofissional de Saúde Mental, então queria aproveitar que possuía essa bagagem.
Só que o mundo muda, e a gente também vai mudando. No decorrer dos módulos, foi me encantando também o assunto dos transtornos alimentares, que nem era meu foco inicial, principalmente a compulsão alimentar.
Fui me aproximando de amigas que são da psicologia, conheci o mundo da psicologia baseada em evidências, e entendi que, independente do nicho de atuação, eu precisava de mais capacitação para poder ter uma ação efetiva junto do paciente.
Com a obesidade aumentando não só na população, mas também os estudos a respeito, e as famosas “canetas” (Ozempic e similares), eu entendi que a história está mudando de curso bem na minha frente. Provavelmente, as nutris que viram a cirurgia bariátrica surgir, tantos anos atrás, sentiu essa mesma mudança.
Nutricionistas continuam cada vez mais necessários e importantes, só que onde e como vamos intervir, está sendo afetado por essas revoluções que a pesquisa (e os tratamentos) em saúde têm trazido.
Cada módulo da pós que eu assisti, mais e mais abas foram se abrindo, e frentes de estudo eu abri. Decidi fazer um curso de Entrevista Motivacional pelo Instituto Nutrição Comportamental, e foi decisivo na minha prática.
A EM é uma técnica que vem da dependência química, algo que já lido no meu cotidiano como Assistente Social aqui na saúde mental. E eu pude me posicionar diferente nesses atendimentos, pela aquisição dessa nova linguagem, por assim dizer.
Aproveitei para conhecer também o trabalho da faculdade Plenitude Educação, no primeiro Congresso de Mindful Eating, Mindulfness e Saúde Mental. Foi um fim de semana divisor de águas, também, especialmente por ter podido, numa palestra, conhecer o que existe de pesquisa na área, e o que ainda precisamos fazer.
Aquela palestra, um pouco mais “parada” se comparada com outras, me pareceu ter sido feita para mim, que decidi voltar a investir na vida acadêmica e prestar prova de doutorado. Existem muitos caminhos de pesquisa que são necessários e ainda não estão ocupados. Um deles, pode ser que seja o meu.
Uma coisa parece que vai levando à outra, e disso eu derivei também a decisão de fazer a formação em Mindful Eating do Instituto Consciência Alimentar, recém fundado. Ainda não comecei: este é um plano em suspenso, provavelmente para final de 2025.
No ano passado, havia feito o Suplementando o Intestino Irritado, curso livre da Clínica do Intestino, e ainda pensando sobre a importância da microbiota na saúde mental, o famoso eixo intestino cérebro, decidi que iria fazer a formação em Modulação Intestinal, do professor Murilo Pereira.
Concluí semana passada, durante as férias, e sinto que foi providencial: uma grande revisão de bioquímica, fisiologia, e um mergulho profundo nas diversas células e microorganismos envolvidos na nossa saúde digestiva, e interligada com o corpo todo.
Foram 80h intensas entre online e ao vivo, mas que me dão hoje uma clareza maior do que perguntar e por onde seguir investigação, quando o assunto é sinais e sintomas de alterações gastrointestinais.
Também realizei uma formação de Neuropsiquiatria Nutricional, pelo INCCOR, com a dra Thaís Bessa, um curso livre, mas que me permitiu saber o que vem sendo estudado dentro dessa relação tão interessante entre sinais e sintomas psiquiátricos, e o papel da Nutrição.
Muita gente pergunta: pra que tudo isso?
A vantagem de já estar com uma carreira estabelecida, migrando para outra, permite que eu possa ir fazendo escolhas mais aceleradas do que faria aos 20 e poucos, como estudante sustentada pelos pais.
Além do investimento financeiro, sinto que eu posso adiantar algumas etapas por saber como estudar, como organizar muitas atividades ao mesmo tempo, saber do que eu gosto, o que eu quero.
A cada decisão que tomei, eu ponderava, analisando o conteúdo programático, se deveria estar me envolvendo já naquela atividade. Por sorte, ou sabedoria mesmo, não tive dificuldades em lugar nenhum.
A graduação chega num certo momento em que você já tem uma base, e os temas não voltam, você só vai acrescentando.
Além disso, eu identifiquei muitas lacunas na minha formação, percebia que alguns conhecimentos não estavam se estabelecendo, o que prejudicaria meu raciocínio clínico na hora de atender.
Então, complementar o curso foi muito importante para qualificar a minha formação.
Expectativas de cursos futuros
Eu estou muito feliz, nesse momento, com tudo o que já realizei. Recuperar toda essa jornada aqui foi bom para eu também reconhecer, que estou me dedicando, e que há uma caminhada bacana.
Mas como toda pessoa apaixonada por conhecimento, eu tenho muitos outros objetivos ainda. Nos cursos, aprendo não só a matéria, mas novas maneiras de raciocinar, compreender as questões que envolvem o hábito alimentar humano.
Está no meu radar ainda:
a formação em Mindful Eating do Instituto Consciência Alimentar
a formação em Terapia Nutricional, da dra Sophie Deram
a pós em Neurociência, do Hospital Albert Einstein
a certificação em Health Coach, do IIN (preciso melhorar bastante meu inglês, para este)
Essa lista parece que vai sempre crescendo, o que é natural, uma vez que o conhecimento é infinito. Quando me imagino diante de um ser humano complexo, que precisa de apoio para alguma mudança alimentar, sinto que não existe um único caminho.
A vida humana tem aprofundado os paradoxos entre ampliar o acesso a bens de consumo, inúmeras automatizações, facilidades que deveriam nos dar mais tempo livre, inclusive para cozinhar, para comer, e para plantar um pé de manjericão que seja.
Não preciso nem dizer que isso não tem acontecido, embora aconteça uma cobrança intensa (externa e interna) sobre como a gente “deveria” se alimentar melhor. Ser nutricionista nesse contexto é sair da comodidade de passar um cardápio (que a IA tem feito até que bem).
O legal, desse caminho, tem sido me tornar uma pessoa mais compassiva, menos cheia de certezas, afinal, há muito o que se compreender e considerar.
E é só o começo dessa nova carreira de sucesso. orgulho gigante pela tua determinação e coragem!