Espero te encontrar bem e que eu não tenha parecido coach demais com os títulos. Mas ocorre que nos últimos dias, eu tenho refletido muito sobre a questão dos topos das montanhas.
Semana passada já contei do retiro que fui num ashram, e eu como sempre fico muito impactada quando inserida numa comunidade que se dedica integralmente ao propósito do yoga, meditação, veganismo, e mais um monte de outras coisas.
Ao final do retiro, muitos participantes (que são onívoros e não praticam yoga regularmente), relatam que não sentiram falta da carne, mas não sabem como continuar isso fora dali. Um ou outro toma a decisão de parar de comer carne.
Eu mesma saio toda vez firmando o propósito de que irei meditar diariamente - até hoje, não durou mais que poucas semanas.
E nisso, me ocorreu que certas horas, vislumbrar o topo da montanha mais atrapalha do que ajuda. Porque você olha pra cima, enxerga neve e neblina no topo, ou enxerga pedregulhos na parte mais alta, e não vê sentido algum em chegar lá.
Nessa de não ver sentido algum em chegar ao topo, já desisto aqui no chão mesmo de começar a dar alguns degraus acima. E isso me impediu de alcançar melhorias que teriam feito grandiosa diferença na minha vida.
Por achar que livro de finanças pessoais o era anestésico neoliberal, não aprendi a me organizar financeiramente para ter uma reserva, por menor que seja. Nós estamos sempre precisando de algum dinheiro para despesas extra que surgem.
Por achar que veganismo, minimalismo e zero-waste eram esforços individuais sem nenhum efeito duradouro ou significativo na realidade global, não me responsabilizei um pouco mais pelas minhas escolhas alimentares, de consumo, de descarte de itens que não uso mais.
Por achar marombeiro extremista, blogueira fitness ortoréxica e a questão toda do nicho wellness meio hipócrita, não priorizei de verdade as minhas atividades físicas, a minha alimentação e cuidados de longo-prazo que preciso fazer.
E cada uma dessas montanhas, que me pareceu alta ou íngreme demais lá do chão, poderia ter me oferecido um lugar um pouco menos dificultado, caso eu não ficasse mirando demais lá no topo.
Aí lembrei desse livro bem agradável de ler, chamado 10% Mais Feliz, que conta a história de um mega apresentador que tem um ataque de pânico televisionado e começa uma jornada muito humilde, rumo à meditação e ao controle do próprio pensamento.
Me ocorreu de dividir com você que existem tantas montanhas metafóricas (do sucesso profissional, acadêmico, pessoal, amoroso, esportivo, viagens, artes, filosofia, literatura…) que não vamos jamais conseguir escalar todas.
O que não significa que não possamos dar uma subidinha, uma circundada em montanhas interessantes para a nossa vida, de acordo com o momento.
E é a isso que vou me dedicar a partir desse início de semana.
E você, tem algum degrau, pequeno que seja, para subir?